Certa vez, o Senhor andou com os Seus discípulos pela Galileia. Foi ali que Ele lhes participou que teria de sofrer e morrer e foi também já nessa altura que o Senhor lhes falou sobre a Sua ressurreição.
Conforme relatado no Evangelho de Marcos, os discípulos não O entenderam. Eles tinham assistido aos milagres de Jesus e tinham testemunhado como as pessoas iam em multidões ter com o Senhor. Três dos discípulos, Pedro, Tiago e João, até tinham presenciado, pouco antes, a transfiguração do Senhor. Quando chegaram a Cafarnaum, Jesus perguntou-lhes o que é que tinham andado a discutir pelo caminho. Veio a descobrir que tinham andado a debater qual deles seria o maior. Eles talvez tenham pensado que quando Jesus manifestasse a Sua glória, caber-lhes-ia a eles, como Seus discípulos, uma parte da fama. Foi por isso que os discípulos disputaram entre si, para descobrirem qual deles teria a melhor posição quando Jesus se manifestasse como Senhor. Hoje, não é muito diferente. As pessoas comportam-se de forma idêntica: ao saberem que alguém se vai tornar poderoso, querem tornar-se amigos dessa pessoa.
E nós? Nós decidimos seguir e servir o Senhor. Mas será que O compreendemos? Qual é a motivação que nos leva a seguir e servir o Senhor? Eu proponho fazermos o seguinte teste: para sabermos qual a motivação que nos leva a seguir o Senhor, temos de nos ocupar com o conteúdo das nossas conversas. Coloquemos a nós próprios a pergunta que o Senhor colocou aos discípulos: «Que estáveis vós discutindo pelo caminho?» Ou seja, como falamos sobre o nosso próximo? Quem passa o tempo a culpar o próximo, mostra que não compreendeu o Senhor. Quem compreendeu o Senhor, fala de outra forma sobre o seu próximo; defende o seu próximo em vez de continuar a culpá-lo.
Como é que falamos sobre a nossa Igreja? Devemos falar sobre aquilo que o Senhor faz na Sua Igreja e não vermos a Igreja apenas como uma organização e passar o nosso tempo a queixar-nos sobre tudo o que não funciona bem. Quem compreende o que o Senhor faz na Sua obra, não perde tempo com discussões ou reclamações desnecessárias.
Os discípulos disputaram entre si qual deles seria o maior. Quanta energia gastamos a mostrar aos outros o quanto importantes e valiosos somos? Ao escutarmos algumas pessoas notamos quanto tempo elas passam a mostrar tudo o que fizeram, e como são boas em tudo. Essas pessoas são demasiado convencidas de si próprias. Nós não queremos disputar qual de entre nós é o maior. Jesus resolveu a disputa dos discípulos dizendo-lhes o seguinte: «Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos».
Todo o cristão novo-apostólico deve colocar-se ao serviço do seu próximo, fazendo da sua vida um testemunho de Cristo. Estar ao serviço de todos na Igreja, significa carregar os fardos do próximo. Estar ao serviço de todos na Igreja, significa dar consolo aos que se encontram em situações de infelicidade, orar pelos fracos, motivar os que têm necessidades. Ajudemos o nosso próximo a crescer na fé, levando-lhe um bom testemunho do Evangelho. Esta é uma tarefa que cada filho de Deus pode cumprir: fazer com que a sua vida se torne um testemunho do Evangelho, carregar os pesos do seu irmão e da sua irmã e contribuir para a paz e para a edificação da Igreja.
(excerto de um serviço divino do apóstolo maior)
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