Encontrei uma palavra impressionante no Evangelho de João. O apóstolo Tomé diz o seguinte: «Vamos nós, também, para morrermos com ele» (João 11,16). Esta palavra não é motivadora, não transmite uma perspetiva positiva, no entanto, é uma das palavras bonitas do Evangelho, uma vez que se refere a um capítulo especial da vida do nosso Senhor Jesus.
Quando Jesus, pouco antes de começar o Seu sofrimento, foi chamado para ir a Betânia, a aldeia onde vivia Maria, Marta e Lazaro, Ele recebeu a notícia de que o Seu amigo Lazaro estava doente: «Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas». Então, Jesus disse aos discípulos: «Vamos outra vez para a Judeia». Mas os discípulos responderam: «Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá?» Os judeus tinham tentado, várias vezes, apedrejar Jesus. Os discípulos não estavam a entender nada. Por um lado, Jesus queria voltar para a Judeia, apesar de ser perigoso, e, por outro, queria ir para junto de Lazaro, apesar de ele, entretanto, já ter morrido; para os discípulos isto não fazia sentido algum. Foi então que Tomé disse: «Vamos nós, também, para morrermos com ele». Com estas palavras, Tomé incentivou os demais discípulos a seguirem o Senhor para a morte.
Nós também não queremos deixar o Senhor ir sozinho, queremos ir com Ele proclamar o Evangelho. Jesus encontrava-se numa situação especial e os discípulos também. Ele tinha uma mensagem a transmitir, e ninguém a queria ouvir. Aliás, até era mesmo perigoso proclamar o Evangelho. Mas a mensagem do Evangelho tem de continuar a ser transmitida. Deus quer que as pessoas ouçam essa mensagem.
Nos dias de hoje, o Evangelho não é aceite em toda a parte. Certamente não somos apedrejados, mas deparamo-nos com forte resistência. Querem convencer-nos de que o Evangelho de Cristo já está desatualizado. Também parece não ser moderno acreditar que Jesus voltará. Não parece ser moderno dizer que precisamos do perdão dos pecados. E também não parece ser moderno dizer: existem apóstolos vivos! Muitos ficam chocados com esta mensagem. Mas o mundo precisa desta mensagem. Apesar de hoje em dia poucas pessoas a quererem ouvir, esta mensagem tem de continuar a ser proclamada, tem de continuar a ser pregada, e para isso o Senhor precisa de nós. Vamos com o Senhor proclamar o Evangelho! Muito embora os discípulos soubessem o perigo que isso implicava, estavam preparados para o fazer: o Senhor iria ser preso e isso também lhes iria trazer dissabores.
Hoje, talvez pudéssemos dizer: nós somos cristãos, somos novos-apostólicos, mas não dizemos a ninguém e assim podemos viver descansados, porque as pessoas, de qualquer maneira, também não querem ouvir. Não, não nos vamos esconder! Queremos professar a nossa fé e dizer: somos cristãos, cremos em Jesus Cristo, para nós o Evangelho é a verdade divina, cremos na segunda vinda de Cisto, cremos que Ele enviou os Seus apóstolos. Vamos com Jesus proclamar o Evangelho, professemos a nossa fé! Foi isso que Tomé reconheceu e para o qual exortou. Vamos com Jesus, mesmo apesar dos riscos inerentes, mesmo que isso nos traga desenganos, mesmo que se riam de nós, e até mesmo que sejamos agredidos.
(excerto de um serviço divino do apóstolo maior)
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