É nosso desejo aceitar Jesus como exemplo e crescer na Sua natureza, no entanto, devemos lembrar-nos sempre que não nos podemos comparar com o Senhor. O que é que isso significa concretamente? Quero ilustrá-lo com o exemplo do sofrimento de Jesus Cristo. Não é o sofrimento d’Ele que devemos glorificar. Não é o sofrimento que tem poder salvífico, só o amor de Deus é que o tem. Tanto no sofrimento como na morte de Jesus, o alvo da glorificação é sempre o amor de Deus, mais precisamente o amor de Deus para com o Homem. A morte de Jesus pode ensinar-nos diversas coisas.
Esse Homem, que foi executado, era inocente. Jesus foi julgado e não reagiu. Ele podia ter-se defendido. Podia ter acusado outro. Ele tinha todo o poder para destruir os Seus acusadores. E o que é que Jesus fez? Não disse nada. Ele sabia que tudo estava nas mãos do Pai. E nós, como é que reagimos a acusações? Perguntamos imediatamente: quem foi o culpado? Depois justificamo-nos e culpamos outros. Na maioria dos casos nem temos bem a certeza de quem será o culpado. Mas nós culpamos alguém, porque uma coisa é certa para nós: tem de haver um culpado. Se estivermos conscientes de que tudo está nas mãos de Deus, então não precisamos de andar à procura de um culpado à força, para o podermos julgar. Ficamos calmos e firmes porque sabemos que tudo vem de Deus.
Quando Jesus estava na cruz, orou e pediu: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem! E também orou: meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? E, por fim, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! Ou seja, até mesmo na cruz Jesus orou pelos Seus agressores, procurou a ligação com o Pai e falou com Ele. Dos primeiros cristãos dizia-se que perseveravam na oração. O que é que isso quer dizer? Pensemos no serviço divino: faz parte integrante do serviço divino a comunidade reunir-se para ouvir não só a prédica, mas também para nessa comunhão orar a Deus, para ser uma comunidade unida em oração. Oramos a Deus, pedimos-lhe pelo nosso próximo, agradecemos-Lhe e colocamos-Lhe as nossas questões e os nossos pedidos. Aconteça o que acontecer, devemos sentir sempre esta necessidade de orar.
E como é que Jesus falava com Deus? Pai, perdoa-lhes! Ele chama-Lhe Pai. Deus, que permitiu que tudo acontecesse, Deus, que nada fez para salvar Jesus – a este Deus Jesus chama Pai. Isso exprime um amor incondicional a Deus! Jesus até disse: meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? Meu Deus! Continuava a ser o Seu Deus. Nunca lhe veio à ideia: este já não é o meu Deus, vou rejeitar este Deus porque não me ajudou! Não, continuou a ser o Seu Deus. E depois pediu: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. Mesmo nos piores momentos não desistiu do amor incondicional de Deus. O mesmo deve acontecer connosco. Mesmo quando não entendemos Deus nem o mundo, mesmo quando não estamos bem e pensamos que Deus nos abandonou, devemos sempre pensar: Ele continua a ser o nosso Pai, Ele continua a ser o nosso Deus. Nunca devemos desistir da nossa ligação estreita com Deus.
É natural que pensemos: mas nós não somos o Filho de Deus, nem tão pouco nos podemos comparar com Ele, mas Ele é o nosso exemplo. Queremos crescer na Sua natureza, mas não o conseguiremos sem a graça de Deus. Queremos sempre pensar: tudo vem de Deus, tudo está nas mãos de Deus! E não deixemos nunca de orar ao nosso Pai Celestial.
(excerto de um serviço divino do apóstolo maior)
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