Nos Salmos encontramos muitas vezes palavras que testemunham que o salmista não se sentia bem. Ele tinha grandes preocupações, estava abatido e dizia a Deus: “por que é que te esqueceste de mim? Por que é que eu tenho de andar triste?” Provavelmente todos os dias os inimigos o insultavam e lhe perguntavam: “afinal onde é que está o teu Deus?” Mas o salmista responde a si próprio com as seguintes palavras: «Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? espera em Deus; pois ainda o louvarei. Ele é a salvação da minha face e o meu Deus» (Salmos 42,11).
Sei que muitos irmãos e irmãs estão a passar por situações iguais ou parecidas à do salmista. Não se sentem bem, têm de sofrer injustiças, têm de passar por provações difíceis, estão debaixo de sofrimento e doença. Em momentos desses, certamente perguntamos: “amado Deus, por que é que te esqueceste de mim? O que é que eu fiz errado? Onde estás?” Talvez as pessoas à nossa volta perguntem: “afinal onde está agora o teu Deus? Do que é que te vale tudo isso?“ O espírito de Deus dá-nos a resposta: «espera em Deus!»
Esperar em Deus significa: crer com toda a certeza que Deus irá ajudar. Apesar de todas as contradições, de tudo o que presenciamos, vivenciamos ou vemos, cremos firmemente: Deus vai ajudar! Isto é esperar em Deus.
O Senhor Jesus também teve de passar por situações idênticas. Ele anunciou a Sua morte na cruz aos discípulos e explicou-lhes o que se iria suceder. Como ser humano, Ele foi tomando cada vez mais consciência do que lhe iria acontecer, visto que Ele é, ao mesmo tempo, verdadeiro Homem e verdadeiro Deus. Jesus disse: «Agora a minha alma está perturbada; e que diria eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome». Aqui podemos sentir quanto peso pousava sobre Jesus naquele momento. «Então veio uma voz do céu, que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei» (João 12,27.28).
Quando estamos profundamente tristes, devido às muitas dificuldades, às injustiças, ao sofrimento, às dores, a tudo o que temos de passar, então o nosso primeiro pensamento é: Senhor ajuda-me a sair desta situação! Mas, se depois Ele não nos ajuda, ainda ficamos mais angustiados. Como devemos reagir nesta situação? O Senhor Jesus concentrou-se, naquele momento, na Sua meta: «mas para isto vim a esta hora».
Perguntemos a nós próprios, mesmo nos momentos de grande angústia: qual é a minha meta? O que é que eu quero? Qual é a minha tarefa? Por que é que sou um filho de Deus? Então a resposta será: eu quero ir para o Pai. Quero entrar na comunhão eterna com Deus – é para isso que aqui estou. E por que é que sou cristão? Para dar testemunho, para mostrar e provar ao mundo inteiro que mesmo nesta situação permaneço fiel ao Senhor e quero segui-Lo. Isto é a essência, o sentido e o propósito de sermos cristãos: seguir o Pai e permanecermos-Lhe obedientes, mesmo nas situações mais difíceis e concentrarmo-nos na nossa meta: “eu quero ir para casa, quero ir para junto do Pai, quero estar em comunhão eterna com o Senhor Jesus”.
(excerto de um serviço divino do apóstolo maior)
© Igreja Nova Apostólica Portugal