Na noite a seguir à multiplicação dos pães, assim o relata a Escritura Sagrada, os discípulos encontravam-se sozinhos no barco, no meio do mar. Jesus tinha-lhes dito para irem para a outra margem, enquanto Ele subia ao monte para orar. O barco já se encontrava bastante longe da costa, no alto mar, quando se levantou uma tempestade. O vento e as ondas batiam cada vez com mais força contra o barco e a embarcação encontrava-se em perigo porque o vento era forte. De repente, os discípulos viram vir algo ao seu encontro na escuridão. «Mas, à quarta vigília da noite» Jesus foi ter com eles caminhando sobre o mar. Podemos imaginar como os discípulos devem ter ficado aterrorizados ao imaginarem que se tratava de um fantasma. Mas, de repente, ouviram a voz do Senhor dizer-lhes: «Tende bom ânimo; sou eu, não temais» (vide Marco 6,45-52)
Os Evangelhos relatam um incidente semelhante a este relacionado com o acontecimento do dia de Páscoa: Depois de o seu Mestre e Senhor ter morrido na cruz e ter sido sepultado, os discípulos retiraram-se com medo e insegurança. Trancaram a porta da casa onde se encontravam reunidos com medo dos judeus. Qual não foi o susto quando, de repente, o Ressuscitado se apresentou no meio deles! Pensaram que se tratava de um espírito! Mas Jesus disse-lhes: «Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? ... sou eu mesmo». Depois, comeu com eles, conversou com eles e, a pouco a pouco, eles compreenderam: é Ele! É verdadeiramente o Senhor ressuscitou! Ele vive! (vide Lucas 24, 36-43)
“Sou eu! Não temas!” – Esta é a mensagem da Páscoa: o Senhor vive, Ele está presente, Ele está contigo, tu não precisas de ter medo seja do que for!
Existem situações na nossa vida em que, por vezes, nos sentimos sós, em que nos sentimos como os discípulos no barco e temos de lutar contra o “vento forte” e perguntamos a nós próprios: “amado Deus, onde estás? Esqueceste-te de mim?” Espiritualmente, à nossa volta está escuro e somos balouçados pelas situações como um pequeno barco no mar tempestuoso. Em tais circunstâncias, é inevitável que a dúvida surja em nós e perguntemos: será que tudo isto ainda faz sentido? Não será que no fim todo o esforço foi em vão? O Senhor não nos condena por isso.
Aqueles que hoje, por exemplo, tentam viver segundo o Evangelho, muitas vezes sentem o sopro de um vento forte no rosto e veem-se perante a hostilidade do mundo e a falta de compreensão ao seu redor.
Às vezes não entendemos o que nos está a acontecer; insegurança e medo apoderam-se do nosso coração. Passamos por uma fase em que somos postos à prova e não sabemos porquê. Então perguntamos a nós próprios: “por que é que tenho de passar por isto? Não consigo entender. Será que fiz algo errado?” Mas, de repente, o Senhor entra na nossa vida – talvez de uma forma que nós não esperávamos – e diz-nos: “sou eu, não temas! Eu venci o mundo, eu venci a morte, eu ressuscitei! O céu e a terra passarão mas as minhas palavras não hão de passar. Houve a minha palavra e segue-a! Eu estou contigo, eu ajudo-te”!
Páscoa significa: Jesus vive! Ele é mais forte do que todos os poderes do inferno, do que a morte e do que o diabo! Ele derrotou-os a todos. Não temas!
Como será quando Ele aparecer e nos disser: “sou eu! Não temais”! Então, subitamente, teremos alcançado a meta – tal como os discípulos dos quais consta: «Então eles de boamente o receberam no barco, e logo o barco chegou à terra para onde iam» (vide João 6,21)
(Excerto de um serviço divino do apóstolo maior)
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