«Dando sempre graças por tudo ao nosso Deus e Pai». Assim o formulou o apóstolo Paulo, na carta aos Efésios (Ef 5,20). A meu ver, trata-se de uma forma de estar na vida: A gratidão não se deve restringir a determinados acontecimentos e momentos da vida, em que tudo corre bem nem, tão-pouco, se deve expressar somente em dias especiais: a gratidão tem de ser um estado permanente do coração. Sobretudo nos dias de hoje, temos de deixar falar o nosso coração e estar sempre gratos a Deus.
Agradecer “por tudo” engloba duas dimensões: por um lado a criação terrena e, por outro, a criação espiritual. Tudo isso foi criado por Deus e nós sentimo-nos agradecidos por tudo. Eu vejo a Festa de Ação de Graças de uma forma muito mais abrangente. Não devemos agradecer apenas pelos alimentos, por tudo o que agora, nesta época, amadurece, mas antes colocar a nossa gratidão num contexto muito mais amplo: gratidão por tudo!
Quero começar pela criação terrena: queremos agradecer pela vida que nos foi dada. Queremos agradecer pelos alimentos que temos ou, para ser ainda mais preciso, pelos meios de subsistência que o Senhor nos oferece. Também estamos agradecidos pelas possibilidades que temos como seres humanos. Não é assim tão natural, podermos comunicar com outras pessoas, podermo-nos movimentar, podermos ter inúmeras oportunidades como seres humanos – isto é motivo para estamos agradecidos. Também queremos agradecer por não estarmos sós. Se olharmos à nossa volta verificamos que existem outras pessoas, que temos uma família, que temos amigos. Sintamo-nos gratos por isso. Queremos agradecer pelo(a) companheiro(a) que temos ao nosso lado.
No texto bíblico diz o seguinte: «Dando sempre graças». Aqui reside uma dificuldade muito particular, uma vez que, por vezes, passamos por momentos de necessidade. Nem sempre temos saúde, nem sempre temos alimentos suficientes, em certos países isso até é um problema grave. Outros têm falta de trabalho e, por isso, talvez não seja assim tão fácil estar agradecido. Gratidão é um estado do coração: se em vez de olharmos para o que nos falta, olharmos para as coisas boas que, apesar de tudo, ainda temos, mesmo apesar das necessidades, podemos sentir-nos agradecidos.
Para além da criação terrena existe também uma criação espiritual. Temos uma alma imortal. É-nos prometida a vida eterna - a comunhão eterna com o Senhor. Quem tiver esta convicção na fé, tem de se sentir grato pelo facto de o Senhor nos ter proporcionado tudo isto. E tal como na vida terrena o nosso corpo necessita de alimento, assim também acontece com a vida espiritual: tem de haver algo que mantenha essa vida. É a palavra de Deus, a Sua divina graça. Estejamos agradecidos!
Na vida espiritual, também existem tempos de necessidades. Podem surgir problemas na comunidade, pode haver mal-entendidos, pode ser que não haja harmonia. Não fiquemos parados a olhar para tais imperfeições, mas alegremo-nos antes com o que temos de bom. Tentemos resolver o que não é bom, conversando, tentando ter compreensão mútua e mantendo um convívio amigável e caloroso.
Como podemos ver, tanto na vida natural como na vida espiritual, existe um campo muito abrangente onde o Senhor nos oferece muitas coisas boas pelas quais podemos estar agradecidos. Não devemos permitir que as dificuldades e necessidades possam influenciar a nossa gratidão. Vamos agir com o coração. Eu apelo para que todos demos sempre graças por tudo!
(Excerto de um serviço divino do apóstolo maior)
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