Ao contrário do que acontece nos nossos dias, o desporto não era um tema abordado pela Bíblia. No tempo de Jesus, o desporto era somente praticado como treino para as guerras ou como uma apresentação de culto aos ídolos. Numa certa ocasião, o apóstolo Paulo comparou o exercício físico com a piedade.
Piedade é um termo não muito usado ou até mesmo desvalorizado nos tempos modernos. Hoje em dia, isso é entendido como uma excentricidade ou uma mania. O apóstolo Paulo dá a este termo um significado completamente diferente. Não tem nada a ver com mania, nem é, tampouco, irrealista. O valor desta piedade é explicado pelo apóstolo no versículo que se segue: «[...] mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há-de vir» (cf. 1Tm 4, 8). Piedade já tem a sua recompensa aqui na terra em todas as coisas. Está, sobretudo, ligada à promessa da vida eterna.
Mas afinal o que é a verdadeira piedade perante Deus? Piedade é, antes de mais, um assunto do coração. Eu já referi que mania e tudo o mais que seja para dar nas vistas, para demonstrar uma aparência especial, não tem valor para Deus. O Senhor Jesus, na parábola do fariseu e do publicano, falou precisamente daqueles que fingiam ser piedosos e olhavam para os outros com desprezo. O fariseu olhou com desprezo para o publicano achando-se especial na forma como praticava a piedade. O publicano, pelo contrário, mal conseguia erguer os olhos para o Senhor e batia no peito dizendo: «Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!» (Lucas 18,13).
Podemos tirar desta parábola o seguinte ensinamento: a verdadeira piedade acontece entre nós e o Senhor; tudo o resto é inútil. Para que nos possamos considerar verdadeiramente piedosos, uma coisa tem de existir: temor a Deus. Sem temor a Deus não podemos ser piedosos. Em grego, as palavras piedade e temor a Deus são iguais.
Piedade significa dar espaço ao divino! O que, ao mesmo tempo, significa não deixar espaço para o pecado. Isso é algo um tanto difícil precisamente nos tempos que correm. Tentemos libertar-nos do que é terreno, não nos deixemos monopolizar completamente pelas coisas deste tempo. E como é que isso pode acontecer? Eu aconselho a que nos concentremos no que é divino e naquilo que o Senhor já fez por nós. Por que não conversar em família acerca do serviço divino, acerca do que o Senhor deu através da Sua palavra? Tentemos arranjar mais espaço para o divino, nos nossos pensamentos, em palavras, na família, onde quer que seja possível. Isso leva-nos a tomar decisões concretas em relação ao Senhor e a valorizar a fidelidade para com o Senhor e a Sua obra.
Damos por nós a adiar sistematicamente imensas coisas. Mas é hoje que temos de agir, é hoje que temos de aceitar a salvação. «Exercita-te a ti mesmo em piedade»: foi este o conselho que o apóstolo continuou a dar a Timóteo. Isto porque a piedade não surge automaticamente. Piedade não é algo que nasça connosco; temos de a adquirir; é uma tarefa para a vida. Exercitar-se em piedade significa, então: exercita para que consigas arranjar espaço para o Senhor, exercita para que te consigas decidir pelo Senhor, exercita para que consigas ser fiel. O Senhor abençoa, desde já, todos aqueles que se esforçam por ser piedosos neste sentido.
(excerto de um serviço divino do Apóstolo Maior)
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