Quando o apóstolo Paulo fez o discurso de despedida para os anciãos de Efésios acrescentou, no fim, uma palavra do Senhor: «Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.» De seguida, Paulo ajoelhou-se e orou com todos os presentes e depois despediram-se calorosamente. (vide Actos 20).
Esta palavra do Senhor «Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber» - não consta dos Evangelhos. O apóstolo Paulo recorre provavelmente a outras fontes. Talvez a palavras que soube terem sido pronunciadas por Jesus.
Esta palavra de Jesus tem, para mim, dois pontos centrais: por um lado, queremos dedicar-nos aos fracos e, por outro, queremos dar-lhes algo que, com o passar do tempo, lhes permita livrarem-se das suas fraquezas.
Com esta palavra referimo-nos ao espiritual: estou a pensar, principalmente, nos que estão fracos na fé. Dediquemo-nos a eles com a força da fé. Também quero concentrar-me naqueles que perderam a esperança. Despertemos neles novamente a esperança. A estas situações aplica-se, e muito bem, a mensagem de confiança na mudança: não vai ficar assim! O dia do Senhor vem de certeza! Assim, poderão ganhar nova esperança.
Neste contexto, também me estou a lembrar dos que perderam a coragem. Queremos, através do nosso exemplo e através da oração conjunta, incentivá-los e dar novamente coragem a todos os que a perderam. Também estou a pensar nos indiferentes. Com isso, refiro-me aos que pouco participam na vida da comunidade; àqueles que, seja por que motivo for, ficam à margem. O nosso objetivo deverá ser conseguir alcançar o seu interior, seja alegrando-os com uma palavra ou participando com verdadeira compaixão das suas preocupações. Mas, o mais importante é conseguirmos que o amor de Cristo seja sempre percetível em nós.
Neste contexto, quero lembrar a palavra do Senhor: «Amai os vossos inimigos.., e sereis filhos do Altíssimo.» O Senhor sublinha esta exigência, acrescentando: "Pois, se amardes os que vos amam, que galardão havereis? Não fazem os publicanos o mesmo?» Isto implica para nós, tanto para os ministros como para os irmãos e irmãs, uma obrigação especial: se devemos lidar com o inimigo com amor, muito mais o teremos de fazer com os nossos irmãos e irmãs que se afastaram da comunidade ou que até estão contra ela.
No tempo do Senhor, os fariseus que se afastavam demarcadamente dos pecadores e dos publicanos, achavam-se muito importantes. Esta atitude provinha, em parte, da forma de pensar no tempo da Antiga Aliança: os fariseus queriam manter as leis do Antigo Testamento com rigor, para assim atraírem o agrado de Deus. A este procedimento o Senhor reage da seguinte forma: «Amai os vossos inimigos!» É uma reação completamente diferente: não excluirmos aqueles que nos causam problemas ou que, até talvez, nos rejeitam. Queremos aceitá-los e dar-lhes especial atenção.
(Excerto de um serviço divino do apóstolo maior)
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