Ressuscitou verdadeiramente o Senhor!
A Páscoa é a festa da ressurreição. Depois da morte na cruz e do sepultamento de Cristo, estava aparentemente tudo terminado. Mas a manhã da Páscoa veio trazer uma grande mudança. A mensagem: «Ressuscitou verdadeiramente o Senhor», espalhou-se pelos discípulos como um relâmpago. Primeiro, foram as mulheres a contar aos discípulos que a sepultura estava vazia. Imediatamente surgiu a questão: acreditar ou não acreditar na ressurreição. Segundo relata o Evangelho de Lucas, quando as mulheres contaram aos apóstolos que o Senhor ressuscitara, estes não compreenderam absolutamente nada: «E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram.» Só houve um, o apóstolo Pedro, que não conseguiu ficar descansado e dirigiu-se à sepultura para tirar as dúvidas. A partir daí, começou a haver desentendimentos constantes – hoje dir-se-ia uma controvérsia – acerca da pergunta: será que o Senhor ressuscitou verdadeiramente?
Os discípulos só foram começando a acreditar na ressurreição muito lentamente. Primeiro, tiveram de interiorizar o acontecimento. Apesar de o Ressuscitado lhes ter aparecido várias vezes e de ter estado a comer e a beber com eles para os conseguir convencer de que tinha ressuscitado fisicamente, mesmo assim, 40 dias depois da Páscoa, no Dia da Ascensão, ainda duvidaram. Na escritura podemos ler o seguinte: «E os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha designado. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.»
Quer dizer: os discípulos e apóstolos tiveram, primeiro, de travar uma luta com eles próprios para conseguirem acreditar na ressurreição; uns mais e o outros menos. No Dia de Páscoa, eles não saíram imediatamente porta fora com bandeiras a adejar e a anunciar a toda a gente: "O Senhor ressuscitou! Não, primeiro eles tiveram de interiorizar o acontecimento e de tomar uma decisão segundo o seu ponto de vista. Podemos tentar colocar-nos no lugar deles. O que acontecera era algo tão inexplicável, tão incrível, tão incompreensível que, inicialmente, eles foram assaltados pelas suas dúvidas. E o mesmo aconteceu a muitos outros que ouviram a mensagem pela primeira vez: «Ressuscitou verdadeiramente o Senhor!»
O apóstolo Paulo pregou em Atenas acerca da ressurreição. Em Actos podemos ler o seguinte acerca da reação dos cidadãos de Atenas: «E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez.» Mais uma vez, a ressurreição provocou reações diferentes. Mais tarde, o apóstolo Paulo teve de se responsabilizar perante o rei Agrippa e Festus. Neste contexto ele disse: «Pois quê? julga-se coisa incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?» Gregos, romanos, judeus – todos tinham os seus problemas em aceitar a ideia de que o Senhor tinha ressuscitado e tinha vencido a morte.
E qual é a realidade hoje em dia? É uma tragédia: nos dias de hoje, a ressurreição, o ponto principal da fé e da mensagem cristã, deixou de ter interesse para as pessoas.
Não devemos permitir que o mesmo aconteça connosco; que a ressurreição deixe de ter interesse para nós. Temos de manter o interesse vivo! Eu compreendo perfeitamente que um ou outro tenha os seus problemas com isso ou que até possa, por vezes, duvidar. Isso não é trágico. Trágico seria se a ressurreição de Cristo, o acontecimento pascoense e a esperança decorrente da nossa ressurreição e transformação, deixasse de ter interesse para nós, se não nos ocupássemos mais com isso. Temos de manter esse interesse vivo. Que por vezes surjam dúvidas, isso já faz parte da natureza do ser humano. Mas quem permanecer junto do Senhor, voltará a obter segurança e clareza. O Senhor não deixa sós os que lutam, mas dá-lhes sim a vitória.
É este o fundamento da nossa fé e o nosso futuro: ressuscitou verdadeiramente o Senhor. Quando ele voltar, tomaremos parte na Sua ressurreição.
(Excerto de um serviço divino do Apóstolo Maior)
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