Explicações suplementares referentes à nossa forma de interpretar a Escritura Sagrada
Já abordei, no passado, o tema "Qual é a nossa visão da Escritura Sagrada?", na revista "Nossa Família" Unsere Familie“ (cf. UF 05/09). Na altura, referi que muitas coisas do Antigo Testamento devem ser encaradas de forma simbólica e metafórica. Especialmente em relação à história da criação. O diálogo e os debates que desde então se desenvolveram levam-me a acrescentar ainda mais algumas observações explicativas e aprofundadoras.
Porque é que este tema é relevante? Bem, penso principalmente nas nossas crianças e nos nossos jovens, pois eles são confrontados na escola com descobertas científicas sobre a criação do mundo. Para eles, coloca-se certamente a questão de como conciliar a matéria dos seus estudos com a história bíblica da criação. E também alguns adultos, por vezes, ficam inseguros nesse aspecto.
Vamos então ao tema. A Escritura Sagrada diz que o mundo foi criado em seis dias. Se formos interpretar esta afirmação à letra, fazendo as contas retroactivamente, com base nos registos genealógicos da Escritura Sagrada, chegaríamos à conclusão que a Terra só teria cerca de seis a dez mil anos de idade. No entanto, actualmente a ciência parte do princípio de que a idade da Terra deverá ser superior a quatro mil milhões de anos. Ou seja, estas duas idades são absolutamente inconjugáveis. Se seguirmos as provas científicas, então teremos de concluir que os dias de criação serão períodos extremamente longos.
Eu bem sei que muitos irmãos e irmãs se sentem desconfortáveis quando se fala de abandonar a interpretação literal da Escritura Sagrada. E eu compreendo isso. No entanto, acho que a grande quantidade de descobertas científicas que contradizem a interpretação literal da história da criação representam um argumento esmagador. Estou a lembrar-me, por exemplo, das idades atribuídas a fósseis encontrados ou os conhecimentos referentes ao aparecimento dos dinossauros. O nível de conhecimentos que actualmente se tem relativamente às formas pré-históricas do ser humano é outro indicador de um desenvolvimento gradual em períodos muito longos.
O que nos poderá ajudar neste contexto será ocuparmo-nos com a pergunta de como é que aqueles que escreveram a história bíblica sobre a criação terão chegado ao seu conhecimento. Estou absolutamente convencido de que foram inspirados pelo Espírito Santo; mas, o seu conhecimento certamente não lhes foi transmitido através de um discurso científico. Antes lhes foram reveladas imagens e pensamentos, que eles registaram por escrito em conformidade com o nível cultural e intelectual da sua época.
Existem outros exemplos que também nos mostram que a apresentação dos factos na Escritura Sagrada sempre foi marcada pela respectiva época. No Apocalipse, por exemplo, fala-se dos quatro cantos da Terra. Esta expressão é baseada na ideia de que a Terra seria plana. Hoje sabemos que não é assim, mas ninguém se incomoda com a expressão porque todos sabem que é uma expressão figurativa.
Logo aí, surge mais uma questão: então, como é que a Terra se desenvolveu neste período tão longo, desde os primórdios da vida até às formas de vida que hoje existem? Tudo indica que houve um desenvolvimento gradual, uma evolução. Isso até está em sintonia com a Escritura Sagrada, onde também se fala de um desenvolvimento gradual das plantas e dos animais até ao ser humano. Não nos cabe a nós descobrir como precisamente tudo aconteceu. Isso é algo que compete à ciência. Para nós, o que importa é ter fé em que é Deus quem está por detrás de tudo isso. Foi Ele quem manteve todo o processo de desenvolvimento nas Suas mãos e criou, assim, todas as incontáveis formas de vida segundo a Sua vontade.
E ainda há outra questão: como é que se enquadra o relato bíblico sobre Adão e Eva como primeiro casal de seres humanos neste contexto? Eis a minha resposta: a Escritura Sagrada vê o ser humano basicamente como um ser provido de uma alma imortal. Não é possível datar cientificamente o momento em que apareceram pela primeira vez seres humanos com alma, porque a alma como a vida imortal dada por Deus não é abordável por meios de pesquisa científica. Ou seja, as formas pré-históricas do ser humano, que possam ter existido antes, não estavam providas de uma alma imortal. O relato bíblico sobre o primeiro par de seres humanos, Adão e Eva, retrata muito bem como o ser humano caiu logo em pecado. Este relato também pode conter elementos figurativos, mas o meu conselho vai no sentido de não analisarmos demais o que terá de ser interpretado literalmente e o que terá de ser interpretado figurativamente. Em termos de fé, isso não nos leva a lado nenhum.
Ainda tenho uma observação final a fazer: as questões que eu abordei aqui não têm a menor importância para o nosso intuito de querer alcançar a meta da nossa fé. Mas, enquanto igreja, temos de defender posições claras. Não é necessário nem sensato colocarmo-nos em contradição com resultados científicos comprovados.
Saudações cordiais
Wilhelm Leber
© Igreja Nova Apostólica Portugal
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