Um aforismo muito conhecido e inúmeras vezes citado de Friedrich Nietzsche, sobre a cristandade e os cristãos é o seguinte: seria preciso entoarem melhores cânticos para eu crer no seu Salvador; seria preciso que os seus discípulos tivessem mais aparência de redimidos!
Apesar de a música sacra do século XIX ter realmente passado por uma fase de declínio, a insinuação do filósofo é demasiado audaz quando alega que os cânticos permitiriam tirar conclusões sobre a natureza da cristandade e das suas verdades salvíficas. No entanto, a sua acusação de que devia ser possível reconhecer num ser humano a transformação que se deu nele, tem realmente uma fundamentação cabível.
Em todos os serviços divinos, a comunidade celebra a Santa Ceia. Nesse sacramento, a comunidade tem uma comunhão íntima com o Filho de Deus encarnado, ressuscitado e glorificado. Nem todas as celebrações da Santa Ceia ocorrem ao mesmo nível, nem têm a mesma profundidade, porque somos seres humanos imperfeitos, dependemos de condições-quadro, de determinados fatores exteriores e interiores que nos influenciam. Mas quando a comunidade celebra a Santa Ceia de uma forma que lhe permita sentir verdadeiramente a presença de Jesus Cristo, então a comunidade fica diferente. Já não há acusações contra ninguém. Deixa de haver condenações, não se fazem juízos. Consegue-se ultrapassar qualquer obstáculo que possa ter existido na comunhão. O passado fica para trás. Torna-se possível ir ao encontro do próximo com o qual talvez se tenha deixado de falar há dez anos. Houve uma transformação. É preciso que isso se veja em nós quando sairmos da porta da igreja após o serviço divino.
Impulso de um serviço divino do apóstolo maior
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